domingo, 10 de agosto de 2008

Rabiscos na porta do inferno...


Areias e espumas espalha o vento insistente,
Vertente, infinito, alisando costas e mentes...

Sua presença busca os ausentes
De sonhos povoados de ilusões,
Mormente inquietos e frios...

Os íntimos se movem,
E como istmos
Se perdem e encontram
Nas cordas de muitos nós...

O efêmero e o belo se fundem
Como fogo que evapora água,
Como cachoeira que aplaca incêndios
Incontáveis ateios no ventre,
Da maternidade eterna dos mundos...

Sussurros, lamentos
Espalha o vento insistente,
Trazendo lembranças, quiçá fundas
Na superfície dos eus...
Presentes em palavras
E pensamentos ateus...

Desprovido de regras, de sintaxe
De lógica extrema, de sanidade...
Qual segredos esconde
O mais polido dos bronzes?

Castelos d’areia de incessantes segundos
Que repetem vidas, sem perceber vivemos
Os gestos, afetos em círculos viciosos,
instalando o tédio, a mesmicie...

E na ruptura dos véus de coisas não ditas,
Avalanches à mente, pôsto que o coração flutua,
e os sentimentos de encontro num muro sem respostas...
sem culpados, sem bodes expiatórios...

Justificando nossos erros e fraquezas,
suplicamos o novo, o desconhecido
Ruptura, pesado fardo a vida neste pano de fundo,
emerge em plena beleza, mas na verdade
Será atroz o peso? Será bela a leveza?

O mais pesado fardo nos esmaga,
dobramos sobre ele, postos ao chão...
Na poesia dos séculos a mulher deseja o peso
Masculino que arfa, no peso de seu fardo,
E no tempo ímpar a realização vital,
Que flui intensamente...

Quão mais pesado mais próximo à terra,

a vida mais real e verdadeira se torna...

maio de 2008 - Todos os direitos reservados a Roberto Girard

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