domingo, 10 de agosto de 2008

A foice que ceifa a cana...


A foice que ceifa a cana
Ceifa a cama ardente em chamas
Fagulhas de esperanças se derramam
Em sangues banhados de ilusões...

A foice ilumina as almas errantes
Roubando-lhe sonhos, dispersando ilusões
E nas camas desnudas de corpos mutilados
Ficam espalhados, esparramados, os espasmos...

Pululam as vísceras dos amantes
Quando carnes cruas se misturam
Em êxtase banhados em sangue, torpor!?
Benígno torpor que exala dos corpos...

E assim sorrateiros se movem os istmos
Divinos, em encarceiradas armadilhas, dos anjos
Trombetas ao senhor das afoices, suspiros
Horripilantes, desprezível sexo algoz....

A foice derrama sonhos banhados em sangue
E das vísceras escorregadias dos tempos
Evoca as errantes amantes e as putas em agonia
Seus machos arfam em desespero e horror...

Afoice decepa os escrotais libidinosos
Na agonia sacro-santa das mecenas, desdobra
Cada víscera obscena, em lábios molhados de gozo,
Regozijo, asquereza e a sutileza do ejacular precoce...

Haja posta a santa ceia dos afoices
Que do elevado trono se posta aos mortais
Para que saibam que o reino das trevas, é fugaz
Haja visto tratar-se de um etéreo gás...


Julho de 2008 - Todos os direitos reservados a Roberto Girard

Nenhum comentário: